Saúde mental em foco: os impactos persistentes da pandemia e o desafio do cuidado emocional
26/05/2025
(Foto: Reprodução) Transtornos como ansiedade e depressão seguem crescendo no Brasil e especialistas alertam para importância do acolhimento e da busca por ajuda profissional Nunca se falou tanto sobre saúde mental no Brasil. O tema, por muito tempo tratado como tabu, passou a fazer parte das conversas, das políticas públicas e até das redes sociais, ganhando destaque, principalmente, em 2020, com a chegada da pandemia da Covid-19 no país. O isolamento social, perda familiar, e instabilidade financeira, afetou diretamente o emocional de milhões de pessoas ao redor do mundo, e segue deixando marcas profundas no comportamento e na saúde psíquica da população.
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Depressão não é só tristeza. É uma condição séria que pode afetar pensamentos, emoções e até o corpo.
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De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde mental é mais do que a ausência de transtornos. Ela representa um estado de bem-estar físico, mental e social, em que o indivíduo consegue lidar com os desafios do dia a dia, trabalhar de forma produtiva e contribuir com sua comunidade. Ou seja, ela está ligada diretamente à qualidade de vida. E quando esse equilíbrio se rompe, o impacto pode ser devastador.
O cuidado com a saúde mental precisa ser contínuo.
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Os casos de ansiedade e depressão aumentaram mais de 25% apenas no primeiro ano da pandemia. Mesmo antes desse cenário, o Brasil já figurava como o país com a maior taxa de ansiedade do mundo: 18 milhões de brasileiros sofriam com o transtorno em 2017, número equivalente a 9,3% da população, segundo dados da OMS. A depressão também é um problema grave: afeta cerca de 12 milhões de pessoas no país, com maior prevalência na América Latina.
Dados da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) revelam que, entre março e abril do ano passado, houve um aumento de 90% nos casos de depressão e quase o dobro nos episódios de crises de ansiedade e estresse agudo.
O reflexo disso está, entre outros locais, o ambiente de trabalho. Em 2024, o Brasil ultrapassou a marca de 470 mil afastamentos por transtornos mentais, o maior número registrado desde 2014. Segundo especialistas, isso exige não apenas medidas paliativas, mas ações estruturais de prevenção e cuidado psicológico.
“Cuidar da mente não é sinal de fraqueza. É, na verdade, um ato de coragem e responsabilidade consigo mesmo”, reforça a psicóloga Suzana Mara Julião.
Suzana Mara Julião - CRP 06/157365
Ela explica que não é preciso estar em colapso emocional para buscar apoio. “Muitas pessoas esperam um momento crítico para procurar ajuda, mas o ideal é justamente o contrário: o acompanhamento psicológico é uma ferramenta de fortalecimento emocional, autoconhecimento e prevenção de crises.”
O cuidado com a saúde mental precisa ser contínuo, coletivo e livre de estigmas. Abrir espaço para o diálogo, promover o acolhimento, investir em políticas públicas e reforçar o papel de profissionais da área são caminhos fundamentais para a transformação.
Fontes:
G1, bvsms, paho, org, gov, e paho.